Em seu segundo filme em parceria com o ator Viggo Mortensen, David Cronenberg adota uma lógica que inverte à apresentada na parceria anterior (Marcas da Violência). Lá fomos apresentados a Tom Stall, um homem aparentemente normal, mas que escondia um passado nebuloso e que aos poucos era revelado e revivido. Aqui , como um contraponto com o filme anterior, vemos um homem supostamente mau, que mascara um bom carater.
Todo esse contraste de identidades é mais uma vez explorado com excelência pelo Cineastra que parece ter visto em Mortensen o ator perfeito para encarnar os personagens que seus filmes dão vida.
Nesse filme conhecemos Anna (Naomi Watts), uma enfermeira que acolhe um bebê de uma jovem que morreu no parto. Junto com a criança ela encontra um diário com segredos sobre a Máfia Russa de Londres. A partir dai ela começa a procurar a Máfia com o intuito de achar os familiares da criança e acaba conhecendo Nicolai (Viggo Mortensen, em uma atuação que lhe valeu uma indicação ao Oscar), que aparentemente trabalha para essa organização.
A violência característica dos filmes de Cronenberg está lá, mas desta vez ela é essencialmente gráfica e só enriquece a mensagem passada pelo enredo. Tanto os personagens como as historias vividas por eles são profundas, complexas e cheias de significados.
Este é mais um trabalho primoroso do Diretor e de Mortensen. Espero que esta parceria continue para que consiga o reconhecimento merecido por parte do Oscar.